Quem? Otto Stupakoff

Se é pra falar em moda, falemos então de Otto Stupakoff. Quem é ele? Paulistano,é considerado o primeiro fotógrafo de moda do Brasil. Em entrevista dada ao Caderno2 do Estadão, Otto conta: “Pedi ao [estilista] Denner [Pamplona] um vestido emprestado. Coloquei na mala, peguei um ônibus para o Rio de Janeiro, combinei com minha namorada, Duda Cavalcanti, e fomos para a casa do Heitor dos Prazeres, amigo pintor e sambista, que morava numa casa Art Noveaux. Neste terraço, coloquei a Duda com o vestido do Denner, que ele havia feito, em 1955. Era um vestido branco e azul-marinho. Neste dia, no terraço da casa de Heitor, a Duda vestindo Denner, foi feita a primeira foto de moda no Brasil. Esta foto, que fiz para mim, nunca foi publicada." Com relação a fotografia de moda, Otto dizia que sempre buscava fazer da modelo uma atriz – tinha “ojeriza” de fotos posadas, tentava fazer do retrato de moda um retrato familiar, o mais espontâneo possível. Essa criação de estilo próprio é hoje na fotografia de moda muito castrada. Não se dá ao fotógrafo a liberdade de desenvolver seu trabalho. Espera-se dele que produza um ensaio dentro dos padrões. Tanto é que se eu perguntar a você, leitora, o que te lembra uma fotografia de moda, facilmente chegaremos a lugares e referenciais comuns. Olhares de lado, um ar sexy, na maior parte sérios e um tanto quanto misteriosos. “Tenho a impressão que, se eu recomeçasse a fotografar moda, se me fosse dada a oportunidade, começaria de onde parei, porque até hoje não vi ninguém fazendo o que eu imaginava.”


Bob Wolfenson, também fotógrafo de moda brasileiro, fala que Stupakoff era um devoto dionisíaco da beleza – a beleza possível de ser apreciada com o olhar. Otto: “Sempre fui encantado pela beleza. Para mim, ela é essencial para viver. É algo que o povo japonês, por exemplo, tem inato: desde pequeno eles cortam papel, dobram papel, tem uma consciência da beleza. Esse amor, essa necessidade de tocar a beleza sempre esteve comigo desde pequeno e o feio me atrapalha toda a vida _é difícil me acostumar a São Paulo, que é caótica visualmente, desorganizada. Então eu preciso recorrer ao mundo interno da beleza, ao meu mundo particular. A beleza pra mim faz parte do programa diário.”
Vale conferir!
-> Otto Stupakoff. São Paulo: Cosac & Naify, 2006
-> Entrevista de Otto Stupakoff para o portal UOL.. Clique aqui.